Nesta semana, o Instituto Nômades inicia um projeto pioneiro para inventariar os saberes das parteiras tradicionais de Pernambuco. Com uma metodologia desenvolvida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o trabalho registrará as trajetórias de vida, os saberes e as práticas das 250 parteiras tradicionais pernambucanas pertencentes a grupos e associações, com o objetivo de difundir seus conhecimentos como bens imateriais, assim como contribuir na proposição de políticas públicas voltadas para estas profissionais e para a saúde pública.
O inventário será realizado entre as parteiras tradicionais cadastradas nas quatro associações e nos dois núcleos de parteiras existentes no Estado de Pernambuco: Associação das Parteiras Tradicionais do Município de Trindade (Sertão do Araripe), Associação das Parteiras de Caruaru Agreste (Agreste), Associação das Parteiras Tradicionais e Hospitalares de Jaboatão dos Guararapes e Associação de Parteiras de Ipojuca (Região Metropolitana de Recife), Núcleo de Parteiras de Palmares (Zona da Mata) e Núcleo de Parteiras de Igarassu (Região Metropolitana de Recife). A estimativa é de que cerca de duzentos e cinqüenta parteiras sejam inventariadas. Em geral, as parteiras atuam em regiões de difícil acesso, como nas zonas rurais, porém ainda é possível encontrar parteiras em atividade nas periferias das grandes cidades.
O projeto foi concebido diante do risco iminente de extinção do conhecimento acumulado pelas parteiras tradicionais, devido, notadamente, à seguinte conjuntura: a fragilidade do modo de transmissão desse conhecimento (oralidade); a avançada idade das parteiras ativas, que podem morrer sem transmitir seus saberes, já que há pouco interesse das jovens em seguir a ocupação, e da sociedade em conservar esse saber. "Tomamos a iniciativa de elaborar este projeto para registrar e difundir as práticas e os saberes das parteiras pernambucanas, parte importante do patrimônio cultural imaterial brasileiro", Daniela Gayoso, coordenadora do Instituto Nômades.
No caso de Pernambuco, grande parte delas é integrante de culturas indígenas e/ou negras, o que caracteriza e especifica suas práticas no que diz respeito a crenças e rituais. Os saberes tradicionais transmitidos oralmente entre essas mulheres por gerações não se restringem apenas à assistência ao parto, mas englobam também os cuidados na gestação, no pós-parto, além de práticas de cura e manipulação de plantas medicinais.
6 de mai. de 2008
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